terça-feira, 16 de setembro de 2014

Wish you were here - "o som da carência" - Pink Floyd


Essa é uma das mais incríveis músicas do Pink Floyd e é considerada uma das melhores por mim e pelos próprios membros da banda, a música "Wish you were here" carrega um peso emocional muito forte, tem uma letra linda e uma sonoridade espetacular, tive uma grande dificuldade em analisar essa música pelo simples fato de ter inúmeras interpretações, Roger Waters baixista e co-vocalista da banda disse em uma entrevista no documentário "The history of Wish you were here" que o principal motivo dele escrever as canções são para ele, para lhe dar coragem... de suas palavras retiradas do documentário quando lhe perguntaram a respeito de onde ele tira inspiração para criar essas lindas melodias - "todas as canções me dão coragem, eu imagino que as escrevo para mim, elas são para me dar coragem, para não aceitar um papel de liderança numa gaiola, mas ir em frente exigindo de mim mesmo que eu continue a fazer espetáculos na minha caminhada nesta guerra, porque é onde que eu quero estar, eu quero estar na trincheira, não quero estar nos quartéis generais, não quero ficar sentado em algum lugar, quero estar... quero estar empenhado, provavelmente eu diria, da uma maneira que.... meu pai aprovaria. " - já para David Gilmour, wish you here were tem uma esfera ampla, porém ele não consegue cantá-la sem pensar no companheiro Syd Barret

Antes de começar a realizar a análise da música era preciso entender o contexto em que a banda se encontrava, e o porquê da criação do álbum Wish you were here



Contexto:



(Syd Barret)



Começando por uma das figuras principais na composição do álbum: Syd Barret Originalmente era o vocalista, guitarrista e principal compositor da banda Pink Floyd, principalmente no seu primeiro álbum The piper at the gates of dawn (1967). Foi também o autor dos singles "See Emily Play" e "Arnold Layne", e ainda de dois álbuns solo. Foi também um guitarrista inovador, um dos primeiros a explorar completamente as capacidades sonoras da distorção e especialmente da recém desenvolvida máquina de eco.

Embora a sua atividade na música tenha sido reduzida, a sua influência nos músicos dos anos 60 (e das gerações seguintes) especialmente no Pink Floyd, foi profunda. À medida que a popularidade dos Floyd aumentava, assim como o consumo de drogas psicotrópicas por parte de Syd (especialmente LSD), a sua apresentação nos concertos tornava-se mais e mais imprevisível e o seu comportamento geral um estorvo para o sucesso da banda. Os problemas vieram ao de cima durante a primeira digressão do grupo pelos Estados Unidos no fim de 1967, Syd começou a ficar extremamente difícil e cada vez mais ausente; tendo essa ausência e o seu estranho comportamento começado a causar problemas ao grupo

Numa ocasião famosa, no programa de televisão de Pat Boone, recusou-se a fingir que atuava, ficando parado, braços caídos ao longo do corpo e olhando fixamente para a câmara. Noutro incidente bem conhecido, diz-se que antes de entrar em palco Syd teria esmagado uma caixa inteira de tranquilizantes Mandrax, misturando-os com uma grande quantidade de creme para o cabelo Brylcreem, depois pôs a mistura sobre a cabeça e colocou-se por debaixo dos projectores de palco; a mistura viscosa derreteu e começou a escorrer pela sua cara dando a aparência desta se estar a derreter. Outra história diz que Syd apareceu no estúdio apresentando aos colegas uma música nova chamada Have You Got It Yet. Conforme ele ia ensinando a canção ao grupo tornou-se óbvio que ele mudava os acordes cada vez que a tocava, tornando impossível a sua aprendizagem

Tem-se afirmado que os seus problemas com a droga não teriam sido apenas da sua responsabilidade, que ele era regularmente 'doseado' (drogado sem seu conhecimento) por "amigos" que lhe davam LSD todos os dias, embora antigos amigos de Syd Barrett tenham desmentido este facto num artigo sobre Barrett publicado no The Observer em2002.

Quaisquer que fossem as causas, o que é certo é que passados apenas dois anos da formação do Pink Floyd, Barrett abandonou o grupo. Após ter gravado algumas partes do segundo álbum do Pink Floyd, A saucerful of secrets em 1968 - incluindo Jugband Blues, que faz referências óbvias à sua crescente indiferença em relação à banda - Barrett foi dispensado do grupo.

A intenção original era de que Barrett continuasse a contribuir para a escrita e gravação, e como ele era o principal compositor, havia a esperança que ele desempenhasse um papel semelhante ao do líder dos Beach Boys, Brian Wilson, que apesar de ter deixado de actuar ao vivo, tinha continuado a compor para o grupo. Mas Syd contribuía cada vez menos e o seu comportamento era cada vez mais errático, de tal forma que os outros membros do grupo deixaram de convidá-lo para os concertos e sessões de gravação.

O grupo contratou um velho amigo de Cambridge, guitarrista, David Gilmour, para primeiro alargar a banda e depois substituir Syd nos concertos, mas depressa se tornou óbvio que Syd nunca mais voltaria. A transição foi fácil pelo facto de Gilmour ser capaz de ocupar o lugar de Syd (foi Gilmour quem ensinou Barrett a tocar guitarra) e que mesmo que ao seu estilo faltasse o experimentalismo atrevido pelo qual Syd era conhecido, era considerado um vocalista e compositor talentoso e um guitarrista dotado. Assim, Gilmour tornou-se um membro permanente da banda, com o baixista Roger Waters a tomar a liderança do grupo.

O declínio de Syd teve um profundo efeito na escrita de Gilmour e Waters, e o tema da doença mental e a sombra da desintegração de Syd penetrou nos três álbuns de maior sucesso do Pink Floyd, The dark side of the moon, Wish you were here e The wall.

A perda de Syd para a banda foi enorme, se não fosse ele dificilmente Pink Floyd seria esse sucesso todo. A banda, em 1973, lançou o magnífico Dark side of the Moon, álbum que trata de riqueza, fama, loucura e morte. Antes dele, a banda apenas era conhecida no meio underground da música. Depois, explodiu nas paradas, com o álbum permanecendo no topo de vendas por anos seguidos. De fato, a banda alcançara o que buscava: o sucesso levou a banda a conseguir toda a fama e dinheiro que trataram no disco.
Lançado em 12 de setembro de 1975, Wish You Were Here é o nono álbum do Pink Floyd e o sucessor do multi-platinado The Dark Side of the Moon, de 1973. Um dos discos preferidos dos fãs, é também o favorito de David Gilmour e do falecido Richard Wright, que declararam em entrevistas a sua predileção pelo trabalho.
O ponto principal do álbum Wish You Were Here é Syd Barrett. O fundador e primeira força criativa do Pink Floyd esteve presente em tudo que envolveu a gravação do álbum, mesmo que não fisicamente. A primeira faixa gravada pelo grupo para o disco foi a arrepiante “Shine On You Crazy Diamond”, onde a letra brilhante de Waters fala de forma direta sobre o que aconteceu com Barrett. O depoimento de Richard Wright sobre a situação de Barrett, contando como, do dia para a noite, o músico se apagou e entrou em um limbo mental devido ao consumo excessivo de ácido, é arrepiante. O mesmo vale para os diversos momentos em que David Gilmour e Roger Waters falam sobre Barrett. Apesar de terem se passado mais de quarenta anos do acontecimento que literalmente apagou o cérebro de Syd, Gilmour e Waters se mostram claramente abalados com o fim que o parceiro levou, chegando quase às lágrimas ao recordar das suas experiências e amizade com Barrett.
                                                                                                                 

Exaustos, desinteressados e com dificuldades em concentrar-se nas meticulosidades de uma gravação complexa, passaram vários dias no estúdio sem gravar nada. Waters confirma que “as primeiras sessões foram uma tortura”. “Mas continuámos durante umas semanas”, até que numa agitada reunião do grupo, declarou que a única solução era gravar um álbum sobre o que estava a suceder no momento, “o facto de não nos olharmos nos olhos e de ser tudo muito mecânico”.

Como a banda não enfrentava bons momentos e não existia mais aquela união e dedicação do grupo, era necessário fazer algo para que a banda voltasse as suas raízes, de querer buscar esse lado humano que lhes faltara. E assim surgiu o álbum “Wish You Were Here”, que trazia na música título um apelo por este lado humano, “querendo que ele estivesse aqui”. Desta forma já é previsível o que viria a seguir, e não foi difícil aliar a letra a todo o novo modo de vida à que a sociedade se acomodara e que eles haviam acabado de experimentar.

Wish You Were Here: Ao contrário do habitual para os Pink Floyd, a letra foi escrita antes da música. Waters afirma que a letra é sobre os elementos contraditórios do seu carácter, lutando entre si: “O idealista compassivo e o avarento rapazinho que quer apoderar-se de todos os doces.” Assim, o Roger arrogante tenta invocar a presença do seu alter-ego mais positivo.

São muitas as análises para essa bela música, e não é certo falar que apenas uma está correta... segundo Roger Waters em uma entrevista para o documentário “Wish you were here” a maior parte das canções de sua autoria propõe sempre as mesmas perguntas, - “você pode libertar-se o suficiente para conseguir experimentar a realidade da vida enquanto ela flui, antes e com você enquanto fazemos parte dela? Ou não? Porque se não se pode, você fica enquadrado nessa vida até a morte...pode parecer bobagem mas é sobre o que fala a canção, as pessoas entram em contato com um monte de sensações e sentimentos que eles podem conhecer ou não ter certeza do que se trata se uma música te toca ao ponto de você ter uma certa reflexão a respeito dela, é uma análise válida!


(Roger Waters)


O tema foi encadeado no anterior para o fazer soar como um rádio barato de transístores. Ao vivo, este efeito seria conseguido movendo inúmeros “sliders” da mesa de mistura em simultâneo. Ouvimos assim, num canal, um rádio ruidoso e, no outro, a guitarra acústica perfeitamente nítida.

Começou tudo com Gilmour a tocar uma guitarra de 12 cordas emprestada. Roger ouviu e gostou. A ideia era alguém estar a ouvir rádio, sintonizar uma estação e tocar guitarra por cima. Daí os sons de tosse e, mais uma vez, o distanciamento, e a ausência da banda mostrando a sua falta de dedicação.


(David Gilmour)

O tema orquestral do início é uma gravação da Quarta Sinfonia de Tchaikovsky. O som do rádio foi gravado no auto-rádio de David Gilmour, a tosse é dele, e o guitarrista ficou tão repugnado ao ouvi-la, que deixou de fumar. A união entre melodia e letra é perfeita, bem como o scat de Gilmour, que, na gravação não é destacado, mas que, nas versões ao vivo, se ouve plenamente.
Uma das análises de Wish you were Here, que muito se confunde com a pessoa amada que está ausente. Pelo contrário, a música está encaixada nesse contexto de decepção e lamento, como vemos logo no princípio




Wish You Were Here

Composição: (Roger Waters, David Gilmour)

Pink Floyd



Wish You Were Here

Queria Que Você Estivesse Aqui


So, so you think you can tell
Então, então você acha que consegue distinguir
Heaven from hell?
Céu de inferno?

O que a sociedade colocaria como paraíso, como o máximo de felicidade, que é a riqueza e toda a fama que eles conseguiram não passou de inferno, de nada... Uma outra análise é observar o quanto a sociedade havia se tornado cega, e já não conseguia mais diferenciar algo bom de algo que lhes fazia mal, que lhes dominavam


Blue skies from pain?
Céus azuis de dor?
Can you tell a green field

Você consegue distinguir um campo verde
From a cold steel rail?

De um frio trilho de aço?
A smile from a veil?

Um sorriso de uma máscara?
Do you think you can tell?

Você acha que consegue distinguir?

Did they get you to trade

Fizeram você trocar
Your heroes for ghosts?

Seus heróis por fantasmas?
Hot ashes for trees?

Cinzas quentes por árvores?
Hot air for a cool breeze?

Ar quente por brisas?
Cold comfort for change?

O conforto gelado por mudanças?
Did you exchange

Você deixou
A walk on part in the war

De ser coadjuvante na batalha
For a lead role in a cage?

Pra ser protagonista numa cela?

How I wish

Como eu queria
How I wish you were here

Como eu queria que você estivesse aqui
We're just two lost souls

Somos apenas duas almas perdidas
Swimming in a fish bowl

Nadando num aquário
Year after year

Ano após ano
Running over the same old ground
Passando pelos mesmos velhos lugares
What have we found?

E o que encontramos?
The same old fears

Os mesmos velhos medos
Wish you were here

Queria que você estivesse aqui



Penso que eles se refeririam além do próprio Syd Barrett, aos próprios integrantes da banda, que ainda tocavam juntos, ensaiavam juntos, conviviam, mas... não como antes. Não estavam mais uns nos outros... E esse afastamento desencadearia no álbum The Walle The Final Cut, ou seja, a ruína do Pink Floyd como banda, agora apenas como Roger Waters"
Deste modo ele deseja que seu lado humano estivesse ali, mas ele sabe que tanto este lado que ele procura quanto o que ele havia se tornado são apenas dois ninguéns dentro dessa sociedade que nos aprisiona, assim como um aquário aprisiona um peixe, e tempo após tempo, fazendo as mesmas coisas, aceitando tudo do mesmo jeito, “O que encontramos?/Os mesmos velhos medos”.
E a música não poderia terminar de outra forma, senão querendo que o lado humano das pessoas estivesse aqui, de volta.
Pode-se ter várias interpretações de tudo isso, mas o que me parece é ser a clara vida de alguém que está perdido e vive uma crise existencial, assim como talvez a banda estivesse passando por não entender a grandiosidade de tudo que os rodeava. Quando diz, “Running over the same old ground. What have we found? The same old fears” (Correndo nesse mesmo velho chão. O que encontramos? O mesmo velho medo) é algo muito chocante, é a acomodação do ser humano ao seu estado. 
   

Curiosidade:


(Syd Barret)

O "crazy diamond"



Um dos eventos mais notáveis durante as gravações de Wish You Were Here ocorreu em 5 de Junho de 1975. A banda estava terminando de mixar "Shine On You Crazy Diamond" quando um homem acima do peso, careca, com olheiras e segurando um saco plástico entrou na sala. Waters, que estava trabalhando no estúdio, não o reconheceu.Wright também não. Ele presumiu que o homem fosse um amigo de Waters e lhe perguntou sobre isso, mas percebeu que se tratava de Syd Barrett. Gilmour achou que se tratava de um integrante da equipe da EMI , e Mason também não conseguiu reconhece-lo, ficando "horrorizado" quando Gilmour lhe contou quem era. Em Inside Out, Mason relembrou da conversa com Barrett como "desconexa e não totalmente sensível" , enquanto Storm Thorgerson definiu a presença de Barrett: "Duas ou três pessoas choraram. Ele se sentou e falou um pouco, mas ele não estava realmente lá."

Relatos indicam que Waters estava profundamente chateado com a silhueta de seu amigo, que foi perguntado pelo visitante Andrew King sobre como ele havia conseguido ganhar tanto peso. Barrett disse que ele tinha um grande refrigerador em sua cozinha, e que ele andava comendo muitas costeletas de porco. Ele também mencionou que estava pronto para que seus serviços fossem utilizados pela banda; todavia, ao ouvir a mixagem de "Shine On", não mostrou nenhum sinal de compreensão sobre a sua relevância nessa situação. Ele esteve presente na recepção de casamento de Gilmour, mas saiu sem dizer adeus; daquele dia em diante, nenhum membro da banda nunca mais o viu, até sua morte, em 2006. Ainda que a letra da música já tivesse sido criado, a presença de Barrett, naquele dia, pode ter influenciado a parte final da música — tocado por Wright, um sutil refrão de "See Emily Play" é audível ao fim do álbum.

Eu estou muito triste pelo Syd. É claro que ele foi importante e a banda não teria nem existido sem ele, porque era ele quem escrevia todo o material. Não teria acontecido sem ele, mas por outro lado, não tinha como continuar com ele. "Shine On You Crazy Diamond" não é realmente sobre Syd — ele é só um símbolo para todos os extremos de ausência que algumas pessoas têm de passar porque é o único jeito com que elas podem lidar com o quão triste isso é [...] Eu achei terrivelmente triste.
—Roger Waters

O tema orquestral do início é uma gravação da Quarta Sinfonia de Tchaikovsky. O som do rádio foi gravado no auto-rádio de David Gilmour, a tosse é dele, e o guitarrista ficou tão repugnado ao ouvi-la, que deixou de fumar.
          

 Espero que tenham gostado! caso esqueci de alguma informação que seja importante deixo meu email para contato  lucasarantes94@hotmail.com















Fonte: Pink Floyd: análise pessoal de "Wish You Were Here" http://whiplash.net/materias/opinioes/130335-pinkfloyd.html#ixzz37Mea4ukd , 
documentário Wish you were here,  feitodesamba.wordpress.com, David Furtado, http://digerindoarte.blogspot.com.br/2008/01/wish-you-were-here.html, wikipédia

Um comentário:

  1. top!! vc sabe o que é aquele dialogo antes de começar a musica? ja procurei pelo traduçao...

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